Digo SIM ou Digo NÃO?

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INSPIRAÇÃO

COMECE A DIZER NÃO MAIS VEZES

PARA DIZER SIM AO QUE REALMENTE QUER

Quando pensei em escrever sobre a necessidade diária de dizermos sim e não a várias coisas, lembrei-me duma comédia daquelas de domingo que talvez já tenham visto. É o Yes Man, com o Jim Carrey. E explico porque me lembrei da história. Basicamente, a personagem principal é um homem que sente que perde demasiadas oportunidades na vida por dizer não a muitas coisas. O não é sinal de aborrecimento, solidão, rotina, depressão... Então, num seminário de auto-ajuda, ele compromete-se a dizer sim a tudo. Literalmente tudo! Isso começa a ser divertido, mas depois é um peso, porque ele vê-se “obrigado” a fazer as coisas mais estapafúrdias! E que acabam por lhe complicar a vida, em vez de o tornarem mais feliz.

Filmes à parte, o que queria mesmo começar por dizer neste texto é que o verdadeiro SIM da nossa vida é o resultado do nosso verdadeiro NÃO. O nosso sim é aquilo que nós queremos com todas as nossas forças e é incompatível com muitas outras coisas que não queremos e que rejeitamos. Muitas vezes sem termos de dizer um óbvio não - simplesmente há uma seleção natural e intuitiva do que não se quer. Eu acredito mesmo que precisamos primeiro de decidir o não, de saber o que não queremos, para sabermos aquilo a que queremos dizer sim. E a questão é que acho que muitas vezes fazemos o processo oposto. Queremos saber o que queremos, as respostas certas, fazer tudo bem à primeira… mas e ao contrário?! 

Essa incerteza naquilo que não queremos também nos leva a dizer sim a muitas coisas que não fazem clique em nós. Eu sou super intuitiva nestas coisas… Mal me fazem uma proposta, um convite, até a escolher o que quero comer! Se não me sai um sim disparado e fico meia indecisa, isso normalmente quer dizer alguma coisa. O problema é que muitas de nós ficam super inibidas com dizer não, aquela ideia de que temos de aceitar e aguentar tudo para não dar parte de fracas. Diz que não a um pedido extra no trabalho? É preguiçosa e pouco resiliente. Diz não a uma saída a uma sexta para ficar em casa a ver séries? É uma seca! Isto não faz sentido nenhum. Se a nossa decisão estiver bem fundamentada e for plenamente consciente, não há que temer estes julgamentos. Até nos últimos anos, aquela expressão FOMO (fear of missing out, a sensação de que estamos a perder sempre qualquer acontecimento) tornou-se numa “doença”. Se vemos alguém no Instragram a fazer não sei o quê pensamos “oh, se calhar devia ter ido também…”. E se não tivéssemos visto? Mantínhamos a nossa posição?

Esta coisa do sim e do não é super complexa e são duas ações opostas completamente interligadas! E se tem problemas em usar uma (ou as duas) da forma mais benéfica para si, pode ser que estas ideias a ajudem. O objetivo é sentir-se inteiramente confortável com cada decisão que toma e não deixar que a incerteza entre um lado e outro a desgastem. 



UM NÃO TAMBÉM É UM SIM

Ok, meio confuso outra vez, mas pense bem, porque é verdade. Quando dizemos que não a uma coisa, devemos pensar nas outras coisas todas a que estamos a dizer sim. Imagine que recusa ir a um jantar de amigos. Dito assim, parece a pessoa mais seca do mundo, a recusar uma coisa supostamente divertida. Mas pense nas coisas a que vai dizer sim se fizer isso: se calhar vai ler um livro, ver um filme, cozinhar, descansar… Com isto não quero dizer para rejeitar coisas mais vezes, como é óbvio! É super importante dizermos sim a planos e coisas novas (como a personagem do filme, lá está...). O que lhe estou a tentar transmitir é para pensar nos muitos sins que cada não subentende, se de facto essa for a sua opção. Nem sempre tem de explicar isso a quem diz o não. Aliás, o importante é que você o saiba, em primeiro lugar. Faz toda a diferença, porque fica mais próxima de perceber as coisas a que realmente dá valor. Faz sentido?! 


É UM PROBLEMA SEU

Acho que o que torna difícil para muitas de nós dizer não mais vezes é pensarmos no que os outros vão pensar. Mas isso interessa mais do que aquilo que nós pensamos acerca de nós? Nunca! Vale sempre a pena termos mais em conta o nosso verdadeiro eu. Sim, vamos ter de dizer sim a alguns fretes, por causa de amigos ou família ou até do trabalho, mas hey! - o objetivo é que a vida toda não seja um frete constante. Não tem de passar a vida toda de saltos altos, se prefere andar de sapatilhas. Simplesmente tem de encontrar outras alternativas e de se sentir confortável com isso, independentemente do que os outros possam pensar da sua decisão. Acho que é a maior luta. Não nos deixarmos demover pelas ideias de outras pessoas. Quem decide é você, consciente dos resultados e de que tudo é uma escolha sua. A partir do momento que assume esse compromisso consigo mesma, vai ver que tudo muda.

TEM TEMPO PARA PENSAR?

Nem todas as oportunidades nos permitem dormir sobre o assunto. Às vezes temos de dizer sim ou não de caras, e não é nada fácil... Só que também podemos pensar sobre muitas situações antes do veredicto final. E é aqui que deve olhar para si mesma e pensar bem. O que é que cada decisão me traz? Vou-me sentir melhor ou pior se disser sim? E se disser não? Nestas alturas a indecisão também nos pode fazer sofrer muito. Ficar a remoer nunca é bom, é preciso ter atenção a isso. Não se perca num desgaste infinito! A boa notícia é que isto é um processo. Se calhar, agora demora imenso tempo a decidir a coisa mais simples. Daqui a uns tempos, cada vez mais certa do que quer, vai conseguir decidir num abrir e fechar de olhos. É um músculo que se treina!


NÃO QUER DIZER NÃO

Quando tem a certeza de que quer dizer não a alguém, não tenha medo. Não deixe espaço para dúvidas. Às vezes, temos medo do confronto e tentamos dizer nãos mais suaves. “Se calhar, depois vejo”. “Ainda não sei”. Isto pode dar-nos algum conforto momentâneo, mas só faz com que o “problema” se arraste. E é daquelas coisas que só custa à primeira. Depois de o começar a fazer, o não passa a ser tão normal como dizer “bom dia”. E esta é mesmo uma ideia que espero que leve consigo, se ficou comigo até aqui. Há imensos nãos saudáveis que não deve ter medo de dizer.